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Desafios da Longevidade Humana

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, até 2050 teremos duas pessoas com mais de 65 anos por cada jovem. Neste cenário, Portugal é um dos países mais envelhecido da Europa. As projeções não deixam dúvidas: a longevidade humana é um dos fenómenos mais marcantes do século XXI e, por isso, torna-se imperativo a criação de condições para que as pessoas vivam não apenas mais anos, mas acima de tudo, para que esses anos sejam vividos de forma saudável. 

As políticas sociais, incluídas nas políticas públicas, devem dar resposta aos problemas estruturais e funcionais da sociedade, satisfazendo as necessidades das pessoas e garantindo o seu bem-estar, com base nos Direitos Humanos. Em Portugal, as políticas sociais dirigidas às pessoas mais velhas têm por base a garantia de direitos universais, compreendendo medidas de caráter económico, social e cultural, numa premissa de envelhecimento digno e com qualidade de vida. Contudo, a crescente falência do modelo social português deve alertar-nos para a necessidade de revisão destas políticas, uma vez que a resposta para o envelhecimento da população não se pode centrar somente nos sistemas de pensões.  

Repensar o modelo de Segurança Social, já tão gasto e ineficiente numa sociedade cada vez mais envelhecida, é essencial, contudo temos que ir mais além, considerando todos os domínios que dizem respeito ao envelhecimento humano, numa perspetiva coletiva e não meramente individual.  

A meu ver, o ponto de partida será a criação, devidamente pensada e estruturada, de um plano estratégico para o envelhecimento. Muito se tem falado e implementado ao longo dos anos, contudo a prática ainda fica muito aquém da teoria. Este plano estratégico deve ter por base a garantia dos Direitos Humanos, permitindo atuar na promoção da saúde e na prevenção da doença, assim como envolver recursos (formais e informais) ao longo de todo o processo de envelhecimento. Esta ativação e envolvência de recursos é essencial nas fases de doença, dependência e/ou fim de vida, tanto para as pessoas que desejem permanecer no seu meio habitual de vida como para aquelas que optem pela institucionalização. 

Naturalmente que na criação e implementação deste plano estratégico, devem estar presentes os profissionais – onde se inclui o Gerontólogo -, a comunidade científica, as instituições e as pessoas. Só desta forma conseguiremos chegar às questões essenciais e práticas dos/as cidadãos/ãs, dando-lhes uma adequada e efetiva resposta.  

Ana Rita Falcão, Gerontóloga 

Uma resposta

  1. Sem dúvida que é urgente repensar práticas e um dos passos é formar melhor os colaboradores, antes e durante atuação.
    Todos os profissionais envolvidos devem idealmente unir-se e lutar por uma necessidade que é de todos: a garantia da dignidade e a real promoção do bem-estar dos idosos.
    Parabéns a todos que têm a coragem de falar/escrever sobre isto.

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